Certa vez me perguntaram se eu perdoaria uma traição, no impulso da pergunta eu disse que não, até fiz aquela pose de certeza da boca pra fora dizendo em um tom de voz firme: "JAMAIS', mas hoje a minha forma de pensar é outra, e aprendi que o "nunca" em certas situações não funciona, até mesmo porque somos feitos de sentimentos e eles quase sempre falam mais alto quando o que esta na jogada além de uma boa amizade ou de uma pessoa que nos completa de dentro para fora é o nosso coração, a nossa alma, o nosso querer estar bem, sem levarmos nos ombros feridas infeccionadas.
Trair é uma escolha, verdade, ninguém trai inocentemente, e eu tenho convicção disso, mas ao mesmo tempo penso que aquele que trai passa por um processo de extrema covardia consigo mesmo e com quem lhe confiou a vida, o amor, a amizade, com quem realmente esteve presente dando-lhe todo cuidado e atenção.
Perdoar a gente perdoa sim, custa, demora, a gente passa por medos, tristezas, a gente quer dar o troco, ou fazer com que aquela pessoa sofra o mesmo que nos fez sofrer, a gente sente aquele ódio incontrolável que não devia, até que o tempo vai passando, a dor vai amenizando, Deus vai nos curando, a nossa vida vai se ajeitando, e a conclusão que chegamos é: ainda bem que não estávamos sozinhos, ainda bem que conseguimos sobreviver.
Não estou dizendo que as coisas voltam a ser como antes, nem sempre isso acontece, nem estou dizendo que você deve manter um relacionamento harmonioso e falso com quem lhe traiu, tem muita coisa no meio que precisa ser ajeitado, mas a paz volta a reinar em nós quando decidimos carregar amor ao invés de rancor e nos libertamos dos sentimentos ruins que sentíamos.
Fácil não é pra ninguém, impossível também não, porém não é justo passarmos uma vida inteira nos lamentando pelo que doeu. A vida segue o seu curso e quem gosta de ficar afagando o passado é museu. Bola pra frente, manda ver nos seus sonhos, bota fé, bota coragem, que o seu futuro sera brilhante.
Cecilia Sfalsin
